domingo, 27 de abril de 2014

Doce Mar

Não vivo longe do mar
nem do aroma salgado de sua doce brisa
nem do lambuzar dos pés na areia
nem da paz que o murmúrio das ondas me avisa

Minh´alma precisa ver o mar
olhar o sem fim da sua imensidão
como se lá estivesse a saída
de um mundo perdido na escuridão

Mar que me mostra o caminho
que nem sei como seguir
quando meu coração está sozinho

Mar doce, mar insosso, mar salgado
preciso muito de ti
Já que és meu tudo mais sagrado

Temporal

Quero mais é que se foda
toda essa coisa  que aporrinha
desde o banco que nos saqueia
até o despeito sonso da vizinha

Foda-se o mundo, foda-se tudo
não me peçam mais poesia
chega dessa porra toda
do tormento que nos cospe covardia

Vontade de quebrar tudo?
isso às vezes acontece
nessa mar de fel profundo

Que o veneno da inveja se exploda
nesses vermes sujos de vida inútil
por isso quero mais é que se foda!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Beijos brutos

Vivendo vidas vejo vultos
Sombras sórdidas sejam sangrias
Mentiras mortas metem medo
Podem produzir parcas profecias

Percorrendo pântanos pouco profundos
mastigando morangos mesmo mofados
Suplico sonetos sempre sonhados
Vozes vagas, vultos virados

Descubro dores durante dias
Discuto dívidas deveras duras
Defendo dotes donde deverias

Lautos lamentos logram lucros
Planejados pela polícia política
Boca braba, beijos brutos

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Por Vir

Poucas palavras podem proferir
cada cláusula como citada
Sofrendo sempre sincera súplica 
bebendo bêbada boca beijada

Nunca ninguém nega nada
quando quer qualquer querela
mesmo mastigando mangas maduras
teima tramar tristonha trela

Vais viver ventos vorazes
embora entre elos elegantes
raras ruas ricos rapazes

Tendo tido tamanha traição
choro cada coisa comprada
lembrando logo lauta lição

Soneto da morte

A pior coisa dessa vida é a morte
Ninguém pode se conformar com esse destino
Se perder da luz, do luxo, do sexo e da sorte
Acabar como se tudo fosse apenas desatino

A vida acontece tão rápido
Passa veloz como a fuga de um felino
Nem dá tempo de entender o plácido
e tortuoso segredo do destino

Morrer! Ninguém precisava passar por isso
Perder o dia, a noite, a respiração
Se privar da emoção, da música e do paraíso

É desprezível a ideia da morte
Algo que não se deve conformar
Já que o homem merecia melhor sorte

Praia de Jaguaribe

Quanta gente feia vejo em tua praia
como a ofender a beleza da paisagem
por isso miro as nuvens brancas
que o azul do céu transforma em miragem

A beleza está apenas na natureza
no azul do céu e na onda do mar
que a feiura desse povo
faz apenas ressaltar

Essa gente suja tua bela praia
parece que assim te quer humilhar
mas tu não és da mesma laia

Em tudo tua glória resplandece
na volúpia de cada amanhecer
ilha que és de força e poder

Futuros amantes

Nunca me olhas quando passo por ti
e busco teu semblante com ansiosa paixão
pareces sentir medo, recusa e repulsa
e isso me doi e arrasa meu coração

Nunca me olhas quando sei que tu me vês
pareces querer fugir da minha presença
atravessar a rua, sumir dali, ir embora
correr para bem longe sem pedir licença

Tua indiferença sempre me causou pavor
minha alma triste e cheia de angústia
nunca entendeu o porquê desse rancor

Ontem, porém, meu rosto ficou vermelho carmim
Um milagre aconteceu quando te vi na rua
Olhando sem medo teus lábios sorriram pra mim

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Santo anjo

Vejo a ti, com asas abertas
Toda vez que imagino um anjo
Asas tão brancas e sorriso pueril
Imagem doce que é puro descanso

É com teu rosto de olhar maroto
que imagino o anjo que protege
querubim eficiente e feliz
que sempre me guia pelo caminho alegre

Meu anjo és tu, meu melhor amigo
Isso me dá tranquilidade pra viver
E só me faz bem estar contigo

Santo anjo do senhor
és meu tudo, meu pendor
meu sentido de vida e amor

Agonia

O quarto escuro quer me sufocar
mãos invisíveis me abafam o grito
Almas pra outro mundo querem me levar
Uma tortuosa agonia é tudo o que sinto

O terror parece tão real
que eu me debato de pavor
dores de um destino fatal
e o meu ser é todo temor

Na mente, quanto tormento!
No corpo, quanta agonia!
A que me serve tal sofrimento?

O acordar me causa alívio
Ao saber que aquilo tudo é nada
Reflexo turvo de minh´alma atormentada

O amor e a moda

Andas de um lado para o outro
olhas os vestidos na arara
verificas os detalhes do botão de ouro
e pensas que a ele ninguém se compara

A nova coleção mistura cores fortes
fúcsia, salmão, amarelo e lilás
Beleza de formatos, costuras e cortes
Que aos segredos da mulher satisfaz

Damas e meninas hão de vestir
tudo que a tua mente elegante criar
sabes disso e não pensas em desistir

Quem tu amas não te entende
mas, isso de nada importa
já que esse amor te surpreende

Bandeira Dois

Hoje já nem penso mais em ti
Quem diria que um belo dia
isso ia acontecer: viver livre
sem saber da tua existência.

Aceito com alívio a tua ausência
Feliz por não ter mais amor
Aquele amor que parecia dormência
Mas que me causou tamanha dor

Amor e dor: que rima pobre
mas é tudo que mereces
no meu poema: uma rima pobre

Um lembrar muito distante 
é tudo o que sempre quis
desejo de verdade que sejas bem feliz...

Sonho só

Sonho bom tive essa noite
onde gente bem bacana me sorria
e me encantava com gratos gestos
no delírio mágico em que eu vivia

Sonho bom tive essa noite
e lembrei disso todo o dia
como a guardar aquele mundo solene
e ser feliz sem nada de agonia

Havia uma festa, um jogo divertido
minha mente mítica me dizendo
que a vida não é de fazer sentido

Em meio ao delírio aquele alguém surgiu
e com uma imagem encantada
tornou a vida nada sutil

Sobre Viver

Daqui a cinco anos
nem vou lembrar de nada disso
das palavras rudes e desenganos
do beijo negado e reprimido

Sabias do meu dedicado amor
E usaste isso para me ferir
teu orgulho foi um punhal de rancor
usado com força sem nem refletir

Navalha, corte, dor, sangue a escorrer
minh´alma sofre a todo instante
Saudades do que foi e já não pode ser

Mas o que hoje é dor, nunca será saudade
Nem mais lembrarei de ti
Quando um novo alguém surgir no meio da tarde...

Serrambi

Lugar bonito do caralho!
Praias desertas e coqueiros verdes
No azul do céu nuvens de orvalho
Águas límpidas e alegres peixes

Lugar bonito do caralho!
Minha mente exclama a cada olhar
Surpresa com a lindeza sem atalho
Que a paisagem faz questão de me mostrar

A brisa suave toca a música ideal
que vem em ondas de adorável torpor
ventos de um tempo perfeito que parece irreal

A agonia que provocas é doce e sem talho
És sal, és sol, és brisa, és flor
Lugar bonito do caralho!

A voz das ondas

O som das ondas do mar
quebrando na praia serena
de verdade tem algo a me contar
que eu não traduzo de forma plena

Queria tanto entender a língua
que a onda do mar me fala
cada vez que quebra à mingua
a sua voz se torna clara

Seja forte, siga em frente
parece a voz do mar dizer
querendo me fazer contente

Seja forte, siga em frente
ninguém vai te derrubar
Isso diz a voz que vem do mar

Estrela do mar

Já sinto saudades desse lugar
antes mesmo de partir
desejo estar, para sempre, nesse mar
cuja beleza faz meu coração sorrir

A praia imensa e vazia
sem ninguém a me perturbar
faz minh´alma tonta de alegria
e ir embora provoca o meu chorar

Oh! Fulgurantes coqueiros sem fim
teu farfalhar põe música no vento que sopra
na viva praia que a natureza fez pra mim

O mundo real é o que me espera lá fora
Por isso choro mesmo antes de ir
Mas sei que me pertences, como pertenço a ti

Recordação

O verão nunca foi tão quente
como os beijos que me deste
naquela noite, dentro do carro
de forma tão fortuita e insolente

Aquele momento, aquele dia
Foi lindo, doce e insano
o sabor, o apetite, o gosto
romance quente, puro encanto

Faz tanto tempo que tudo aconteceu
Ontem, anteontem, o dia nem lembro mais
Mas o lembrar ainda me leva ao céu

Hoje, quem diria, você nem me olha mais
Que importa? Já nem ligo
Aquela lembrança já me satisfaz

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Mente insana

Minha mente inventa coisas
com implacável perseguição
encena dramas e comédias loucas
debruçada sobre louvável devoção

Minha mente mente muito
não pra todos, mas só pra mim
mentiras doidas, ou sem descuido
e eu nem sei por que é assim

A mente só mente porque sonha
insana fuga do destino real
buscando alívio duma dor medonha

A mente quer alívio, quando mente,
dos golpes duros de cada dia
que só quem sabe é quem sente...

Soneto da nuvem

Vejo nuvens através da janela fria
do avião que navega sereno
Nuvens como montanhas de neve
onde meu pensamento agora esquia

Minha imaginação desliza
como um esqui ágil e veloz
flutuando na riqueza da vida
que a neve de nuvens constroi

A vida pulsa aqui no céu
E tudo é claro, tudo é simples
E doce como favos de mel

Voar é como um mergulho
num oceano imenso e fundo
amar a vida é meu orgulho

Navegar se for preciso

Navego por entre nuvens
Capitão de mar e ar
mirando a luz da estrela
que me aguarda alhures

Navego com rumo e prumo
pois agora eu já sei
que a calma que me foi dada
é o trunfo que busquei

Capitão do meu insólito destino
busco fortuna na minha arte
de viver a vida sem desatino

Neste avião escrevo palavras nobres
é o meu segredo sagrado de Capitão
recitar poemas aos que são fortes...

Soneto para ninguém

Nunca mais amei ninguém
E é tão bom a ninguém amar
pois alguém é muito pouco
já que tenho tanto a dar

Ninguém nunca mais amei
E é tão bom viver assim
sem ninguém a querer tanto
muito e tanto que nem sei

Sem ninguém a querer bem
tenho o mundo inteiro a amar
tudo e todos é meu alguém

Amar a todos é ser livre
é voar alto, livre e sem paixão
é escolher o amor por devoção

Dalila

Adonde, doi, divina dama?
diante das dádivas do dizer?
Devemos dar dicas descabidas
Desse destino disposto de doer

Adonde dormes, divina dama?
depois das dores disseminadas
decerto duras dunas dispersadas
durante dúvidas decapitadas

Adonde dizes, divina dama?
Deus dirá ditos discretos
despojados de dogmas despertos

Adonde deitas, divina dama?
dentro das doidas diáfanas
disfarçadas de deusas danadas

Praia do Sossego

Foi ali que encontrei repouso
pra minha alma atormentada
pois na solidão de tua imensa praia
esqueci a dor em meu peito atravessada
<br>
A areia alva e cristalina
a água do mar, suave e amorosa
me afastaram pensamentos sombrios
que me arrastavam à dor mais tenebrosa
<br>
Tua paisagem nunca vou esquecer
Praia do Sossego:teu nome singelo
nos diz tudo sobre você
<br>
O que me deste, com teu lugar
ninguém nunca vai poder me dar
a luz de um novo caminho a trilhar

Lamento

Não! Não e não! A vida sempre nos diz não
ou então nos diz nunca, nada, ninguém
Dura verdade: a vida nos nega vida
E ainda nos olha com desdém...
<br>
Todos tem a sua cruz
tão pesada de carregar
Todos tem a sua dor
tão difícil de negar
<br>
Não existe escapatória
ao sopro do nosso viver 
que é essa sina tão inglória
<br>
Pois então negue tudo, vida besta
Diga não como és capaz
Que eu, teimoso, peço mais...